NOTA DE REPÚDIO -Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras - AMNB


 


A Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras - AMNB, diante da declaração do Ex-Ministro Delfin Neto que “não há mais empregada doméstica, quem teve esse animal teve, quem não teve não  o terá mais”, vem por meio deste manifestar repúdio diante de tal manifestação.  Em pleno século XXI no “Ano Internacional dos Afrodescendentes”, criado pela Organização das Nações Unidas – ONU neste ano 2011 nós mulheres e homens negros vivenciamos cotidianamente bombardeio pelos instrumentos midiáticos de atos discriminatórios orientados por ideologias do racismo, do sexismo, que alimentam a lesbofobia, a homofobia, e intolerâncias conexas.
Tipificar estas condutas discriminatórias na perspectiva da criminalização, dos indivíduos que cometem a violação, da empresa que possibilitou a veiculação de conteúdos aviltantes que desqualificam pessoas, assim como criar dispositivos administrativos, políticos e técnicos que reportem a reparação do crime cometido é o desafio posto para todos que lutem em defesa dos direitos humanos no Brasil e no mundo. Repudiamos veementemente todos os atos discriminatórios, o conteúdo do discurso de DELFIM NETO explicita as violações vivenciadas por 8 milhões de mulheres e jovens trabalhadoras domésticas a maior categoria sócio ocupacional feminina no Brasil e majoritariamente negra, vítima permanente de violações de direitos, que vai desde o assédio sexual, moral à torturas físicas, psicológicas, bem como jornadas de trabalho intermináveis, desassistidas de direitos e precarizadas na relação trabalhista.
O Trabalho doméstico no Brasil representa 18,2% do total da ocupação feminina no Brasil (PNAD, 2001). Fazendo um recorte de raça/cor, perceberemos que o peso é bem mais acentuado nas mulheres negras: 23,9%. O tratamento discriminatório contra a mulher negra tem se acentuado nos últimos anos de maneira agressiva, o que nos leva a manifestar repúdio, a toda e qualquer manifestação de intolerância, discriminação e racismo contra a mulher negra. O tratamento desrespeitoso e ultrajante feito por DELFIM NETO representa o que há de mais perverso em uma manifestação racista, o não reconhecimento da dignidade e humanidade da mulher negra, que historicamente teve seus direitos (só) negados pelos órgãos estatais, bem como no tratamento diferenciado que a sociedade brasileira lhes despende.
A AMNB tem como umas das prioridades de luta a equiparação do trabalho doméstico com as demais categorias urbanas cientes de que a divisão sexual e racial do trabalho onera a vida das mulheres e jovens negras no mundo do trabalho no Brasil. Estamos dialogando com Estado brasileiro com organismos internacionais ligados a ONU, para que sejam cumpridas as metas estabelecidas nas convenções, tratados, plataformas assinados pela diplomacia brasileira, para erradicação do racismo, do sexismo e formas conexas de intolerância, pois a impunidade é cúmplice da violência. 
 Neste sentido, a AMNB considera estas pessoas “non gratas” e no momento em que coincidir que estiver qualquer mulher ligada a esta Articulação no mesmo recinto que eles, todas deverão protestar/denunciá-los como racistas envolvidos em declarações dessa natureza. A AMNB exige imediata correção e reparação do crime cometido por Delfin Neto, assim como criminalizar o Deputado Jair Bolsonaro por falta de decoro parlamentar e pelos crimes de racismo, homofobia entre outras atitudes de intolerância. 

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