Na próxima quinta-feira, dia 25 de setembro acontecerá o júri de Eduardo dos Santos Pereira, o acusado de ser o mentor da barbárie ocorrida em Queimadas, na Paraíba, em fevereiro de 2012.
1908091_345207602314432_7608333339003999432_nNesta lamentável ocasião, cinco mulheres foram estupradas por dez homens – dentre eles três adolescentes. Duas delas foram assassinadas por reconhecerem os estupradores: Isabela Pajuçara (27 anos) e Michelle Domingos (29). O crime foi “oferecido” por Eduardo a seu irmão Luciano como presente de aniversário e planejado com ao menos uma semana de antecedência, havendo o conhecimento de todos os homens envolvidos. Um típico enredo de filme de terror: foram compradas cordas, fitas adesivas, máscaras entre outros acessórios para a tortura e destruição física dessas mulheres.
Ainda em 2012, seis dos autores foram condenados por estupro, cárcere privado e formação de quadrilha, a uma pena que se fosse somada corresponderia a 186 anos de prisão e os adolescentes envolvidos iniciaram o cumprimento das respectivas medidas sócio-educativas.  O último réu a ser julgado é Eduardo dos Santos Pereira, acusado de ter sido o idealizador do crime e executor das vítimas assassinadas.
Estupros coletivos, como o acontecido em Queimadas, são manifestações extremas do machismo. Desde então, infelizmente, outras notícias de violências deste tipo continuaram a aparecer na mídia: a acusação da Banda New Hit na Bahia, os casos ocorridos na Índia, entre outros tantos. Além disso, o contexto de violência contra as mulheres na cidade de Queimadas é crítico; no mesmo ano ocorreu o estupro e assassinato da estudante Ana Alice de Macedo (16 anos).
Desde que a Marcha Mundial das Mulheres começou atuar no caso – há dois anos e meio – verifica-se relatos constantes de uma cultura de violência combinada com silêncio e medo em Queimadas. Exemplo disso é que ainda hoje as famílias das vítimas são hostilizadas na cidade por pessoas ligadas aos autores do crime. Existe um discurso violento e depreciativo que busca legitimar essa barbárie, ao sugerir que as vítimas fossem prostitutas ou que mereceriam o acontecido por simplesmente terem comparecido à suposta festa de aniversário num domingo à noite!
Apesar da pouca atenção da imprensa, os movimentos feministas e de mulheres foram fundamentais para dar visibilidade ao caso, pressionar e demonstrar a indignação diante da violência contra as mulheres, fato reconhecido pelas famílias das vítimas.
Em memória das mulheres brutalmente assassinadas e em defesa da vida de todas nós, é importante que este crime não seja esquecido, e gritemos ao mundo que jamais permitiremos que a violência contra as mulheres seja naturalizada. Para isso, as mulheres pedem que todas e todos possam utilizar as redes sociais dizendo:
#SOMOSTODASMULHERESDEQUEIMADAS
QUEREMOS #JUSTIÇAPARAASMULHERESDEQUEIMADAS
Para entender mais sobre o crime veja o vídeo exibido no Programa do Fantástico em 19/02/12